– Quando eu crescer quero ser patinador. – E eu quero ser jogador de futebol de botão. – Isso nem é trabalho. – Claro que é. – Não é não. – Jogador de futebol é trabalho, por que jogador de futebol de botão não é? – Porque é diferente. – Diferente nada. Meu pai falou que esporte também é profissão. – Seu pai não sabe de nada.
– Não fala assim do meu pai!
– Futebol de botão não é nem trabalho.
– E se tiver salário?
– Se tiver salário é trabalho.
– Então, eu quero ser um jogador de futebol de botão com salário.
– E quem vai te pagar pra jogar futebol de botão?
– Hum… Não sei.
– Viu como não é trabalho?
– O seu também não é trabalho.
– Claro que é.
– Patinador é trabalho?
– É sim, no supermercado que minha mãe vai tem patinador.
– É verdade. Mas você nem sabe andar de patins.
– Mas eu aprendo.
– Eu já sei jogar futebol de botão. Só preciso aprender mais. Será que tem faculdade pra isso?
– Acho que não. Mas de patinação tem.
– Tem nada.
– Claro que tem. Eu já vi.
– Viu? Onde?
– Não lembro, mas eu vi.
– Você está mentindo.
– To nada.
– Ta sim.
– Não to.
– Sei… Vamos brincar?
– Do que?
– De pega-pega
– A gente já brincou disso hoje.
– De esconde-esconde?
– Só de dois não tem graça.
– Do que você quer brincar?
– Vamos brincar de faz de conta?
– Faz de conta o que?
– Faz de conta que eu sou dono de um supermercado e sou um grande patinador.
– Ta bom e faz de conta que o seu supermercado paga pra eu ficar o dia inteiro jogando futebol de botão!
Fonte: http://leodiz.blogspot.com/2010/06/quando-eu-crescer.html