O lucro que vem da paixão nacional


A Copa do Mundo, antes de representar uma festa de congraçamento entre os povos, é uma indústria que movimenta bilhões de recursos em todo em mundo. A Copa do Mundo é mais do que um tema que apaixona e mexe com o imaginário da Nação verde e amarela. Trata-se de um dos maiores eventos esportivos do mundo e sua relevância é tamanha que ultrapassa as fronteiras do país-sede, que este ano é a África do Sul.

Apesar dos milhares de quilômetros que separam as duas nações, a Copa representa uma possibilidade real de aumentar os lucros de diferentes ramos da economia brasileira. O varejo vende mais, as pessoas ficam mais sensíveis às compras e as indústrias oferecem uma série de produtos que exaltam a Seleção Canarinho.

Produtos verde e amarelo invadem as prateleiras

Indústria e varejo têm na Copa do Mundo um dos melhores momentos para dar visibilidade a seu negócio, produto ou serviço. É no período do evento que surgem muitas ideias criativas. Não faltam alternativas de consumo para os torcedores brasileiros, levados pela emoção de esperar pela conquista do hexacampeonato. Alguns produtos chamam a atenção até dos brasileiros menos fanáticos por futebol, se não por sua originalidade, ao menos pela excentricidade.

Campeão de vendas, o álbum da Copa do Mundo na África do Sul é a mercadoria que mais adeptos fez. Comercializado desde março, o colecionável virou febre inclusive entre as celebridades. O álbum oficial da Copa 2010 é distribuído pela Panini Brasil, filial da empresa italiana que detém os direitos e comercializa o livro ilustrado e o envelope com cinco figurinhas autocolantes.

Os fabricantes de brinquedos também apostaram forte no evento esportivo. A Gulliver distribuiu no mercado o futebol de botão com as coleções da Alemanha, Brasil, França, Itália, Espanha e Argentina. A Gibi Brinquedos criou miniaturas dos jogadores Ronaldo, Roberto Carlos, Adriano e Vagner Love, e a coleção Ftchamps, com alguns dos atletas mais famosos, entre eles Ronaldinho Gaúcho, Messi, Cristiano Ronaldo e David Beckham.

O Super Trunfo – jogo de cartas fabricado pela Grow – chegou com imagens e informações sobre as seleções mundiais, e a Long Jump lançou bonequinhos colecionáveis com as cores do uniforme das seleções que participam da Copa 2010.

Com foco no público adulto, as cervejarias investem pesado, mas não são as únicas do ramo de bebidas alcoólicas a enxergar grandes oportunidades neste filão. Neste ano, as loiras geladas deverão dividir espaço na mesa com o “vinho oficial” da Copa do Mundo. Vendido pela importadora de produtos Casa Flora, de São Paulo, produto lançado pela vinícola Nederburg, em edição limitada e com certificação da Fifa. O Twenty10 chega em três versões, e as garrafas trazem estampada a logomarca da Copa do Mundo 2010, além de selo holográfico que garante a autenticidade do produto.

A Pernod Ricard Brasil também preparou uma edição limitada do destilado Orloff 6x. Com o mote “a vodka do hexa”, a marca chegou às gôndolas em uma edição seis vezes destilada (processo inédito no País), além de ter ganho uma garrafa estilizada. A embalagem vem com as cores da bandeira do Brasil por meio de fitas verdes, amarelas e azuis desenhadas na lateral.

Os fabricantes pensaram ainda em quem quer torcer a dois. A Revelateurs (situada em São Paulo e com loja virtual que atende a todo o Brasil) lançou preservativos nas cores verde e amarelo, tops, shorts, chinelos, luvas e calcinhas, tudo estampado com bandeiras do Brasil. A Preserv optou por uma linha de preservativos com figurinhas de seis países que participam do campeonato. A marca investiu em uma ação onde o consumidor ganhará uma bola ou uma camiseta se encontrar uma figurinha premiada no pacote de preservativos.

Os torcedores mais requintados também são alvo de ações. A joalheria Amsterdam Sauer criou um pingente que é uma miniatura de bola de futebol em ouro, com cerca de um centímetro de diâmetro e tem cinco diamantes cravados nos gomos, representando o pentacampeonato. Caso o Brasil vença, o sexto brilhante é um presente da joalheria. Para isso é necessário comprar a joia até o dia 9 de junho.

Patrocinadores comemoram resultados dos investimentos

Os números são mantidos a sete chaves, mas sabe-se que os investimentos de quem patrocina a Copa do Mundo atingem cifras milionárias. Vincular a marca a um dos maiores eventos esportivos do planeta tem retorno garantido, garantem as empresas que apostam nessa relação.

A argumentação não fica no discurso. Basta ver que muitas organizações repetem a parceria sempre que possível. É o caso da Continental Pneus, que teve sua primeira aparição como patrocinadora da Copa do Mundo em 2006, na Alemanha, repete a dose na África do Sul e já firmou acordo para o torneio em 2014, no Brasil.

Como qualquer empresa do ramo, a empresa pensou em investir na Fórmula 1 ou outra competição de automobilismo, espaços que estavam ocupados por outros fabricantes. Com base em uma pesquisa que apontou o futebol como uma grande paixão mundial, a Continental decidiu patrocinar a Copa da Alemanha. “Acabou havendo uma conexão forte da empresa com o futebol”, destaca o executivo. A África do Sul é consequência da Alemanha, assim como o Brasil, em 2014. “Vamos investir na aproximação e no relacionamento com os clientes”, conta Renato Sarzano, diretor-superintendente e responsável pelas atividades da Continental Pneus na América Latina.

O McDonald’s segue a mesma linha. “É superimportante essa relação profunda dos valores da Copa do Mundo com a nossa marca”, assegura Roberto Gnypek, diretor de Planejamento e Marketing. Segundo ele, o restaurante de fast food e o evento esportivo são autênticos, exclusivos, globalizados e buscam a excelência e os melhores times. Isso tudo, claro, sem esquecer o objetivo de incrementar as vendas, que devem crescer 13% durante o evento.

Fonte: O lucro que vem da paixão nacional