Álbum da Copa


Eu escrevi que não faria a coleção nesta Copa, arrumei desculpas para me enganar e acabei me rendendo. Eu sou saudosista, eu sei, coleciono camisas antigas do Palmeiras, gosto de futebol de botão, leio sobre times que já não existem faz tempo. Sonho com meu Palmeiras de todos os tempos que hoje se encontra desfalcado de um lateral esquerdo, retirei o Roberto Carlos dos meus 11 e ainda não sei quem assumirá tal posição. Talvez em um ataque de loucura eu improvise Galeano ou até mesmo o Tonhão na função, mas isso é assunto para outro dia.

Colecionar figurinhas é muito mais que juntar um “bando de fotinhos”. E também não é coisa exclusiva para crianças, não sou rico, somos cinco irmãos e quando éramos crianças meus pais não tinham condições de bancar aquele bolo de figurinhas para o álbum de cada filho, colecionávamos, mas compras de 10 pacotinhos no máximo. Isso nunca me foi um empecilho, nunca deixei de ter o álbum que eu quis, eles sempre me presenteavam com o álbum só que eu tinha minhas artimanhas para completá-los. Economizava no dinheiro do lanche, batia bafo aonde me arriscava em perder tudo, sempre “comprava em uma banca distante que ninguém conhecia” e com isso as minhas figurinhas valiam 2 e até 3 das comuns.

Se hoje eu sou adulto e posso me dar o luxo de gastar o que eu queria gastar na época em figurinhas e sem influenciar no dinheiro dos meus pais, porque não faze-lo? O barulhinho de abrir o pacotinho é único, o cuidado em retirar as figurinhas, a colagem milimétrica, o virar das páginas do álbum com todo cuidado do mundo, isso tudo não tem preço. Lembro como se fosse hoje o dia que meu irmão mais velho, Thiago que já trabalhava na época, gastou o seu dinheiro e me comprou o álbum do Chaves, talvez ele nem se lembre disso, mas é algo que eu jamais esquecerei. Álbuns são mágicos, marcam épocas assim como as Copas do Mundo, juntar as duas coisas só aumenta a magia. E têm todos aqueles rituais, os vale-brindes, as figurinhas brilhantes, as alegrias, os momentos de raiva. Existem milhares de formas de completar um álbum, eu prefiro ir comprando e trocando apesar da minha idade limitar um pouco o grupo de colecionadores. A ultima alternativa é pedir os cromos faltantes a editora, quando se chega a este nível se perde a graça, porem é uma alternativa. Como escreveu o Patti: “Encontrar a figurinha faltante, por méritos próprios, é como marcar um gol em final de Copa do Mundo. Máxima glória”.