Época de copa do mundo é uma festa! Brasileiro compra camisa, bandeira, buzina… tudo o que for verde e amarelo vende bem. Pra falar a verdade eu nunca gostei muito de futebol. Até joguei no time do colégio um ou dois anos, mas nunca foi meu esporte favorito. Ainda assim arriscava uma partida ou outra com os meninos na rua e no 2º grau fui goleiro do time nas aulas de educação física. Nem preciso falar que meu time sempre perdia, não é? =) A única copa que eu acompanhei foi a de 94, quando o Brasil foi campeão, com direito a reza e tudo na hora dos pênaltis, e aquele grito de alegria quando o Galvão Bueno gritou: “É tééééééééééétra!”
Na minha época de criança, copa também significava álbum de figurinhas com fotos dos craques da seleção brasileira e de todas as seleções rivais. Era uma festa para a garotada colecioná-las. Hoje, com a internet, ninguém se importa em comprar figurinhas, trocar as repetidas e tentar ganhar aquela mais difícil no “bafo”. Basta entrar no site, baixar as fotos e fichas técnicas de cada jogador e sair discutindo com os amigos.
Mas naquele tempo, a galera queria as figurinhas não só para colar no álbum. O bom mesmo era montar nossos próprios times de craques colando as figurinhas em caixas de fósforo, que eram usadas em horas de diversão, em partidas emocionantes de futebol de caixas de fósforo. Valia até jogar os palitos fora pra completar as 11 caixas mais rápido.
As bolas do jogo eram feitas com pedaços de vela, que eram alisadas contra o chão até ficarem bem redondas. Um terror para todas as mães que se esforçavam em manter o chão da casa limpo. E o goleiro não podia ser feito com qualquer caixa, tinha que ser uma “Fiat Lux Longo, 300 palitos”, cheia com areia, pedrinhas e até pedaços de ferro, para não cair ao levar uma bolada. Na falta dessa, o jeito era amarrar várias caixas com um monte de durex e fazer uma maior.
Eu podia não gostar de correr atrás da bola, mas uma coisa eu gostava: jogar futebol de botão. Lembro que meu pai um dia chegou em casa com dois times de botões, daqueles mais simples, para iniciantes. Em cada caixinha vinham 10 botões, 1 trave de plástico, 1 goleiro, 1 bola (cilíndrica e não redonda) e 1 goleiro. Era diversão pura. Em pouco tempo os times começaram a se multiplicar e cheguei a ter uns 20.
Certa vez uns colegas a apareceram com uns time muito irados, feitos em acrílico colorido, botões mais altos e pesados, tamanhos diferentes para cada jogador. Um show de bola! Custavam uma fortuna e não era qualquer um que tinha um desses. Não lembro nem de ter visto para vender lá na cidade, acho que o pessoal comprava fora. Dava até vergonha botar o timinho de plástico pra jogar contra um desses.
Os melhores times de botão que eu vi eram de Izulamar, o “Zulinha”, professor de educação física e dono da academia onde eu treinava. Um dia, enquanto conversávamos antes do treino, ele falou que também jogava futebol de botão e me convidou para uma partida. Aqueles sim eram botões profissionais! Cada peça era do tamanho de uma bolacha Maria, muito polidos, com os escudos aplicados sob uma camada de acrílico, não tinha perigo do adesivo descolar como acontecia frequentemente com os times de brinquedo. Perfeitos! Pena que Zulinha não está mais entre nós. Ele agora está jogando com outros craques lá no céu.
Há muitos anos não vejo crianças jogando futebol de caixa de fósforo ou futebol de botão. Agora só querem saber de Pro Evolution Soccer, Winning Eleven, Fifa e outros jogos eletrônicos. Se enfurecem por que o botão falhou na hora do chute ou o jogador não chegou no cruzamento. Nunca “chutaram” usando uma palheta do futebol de botão nem concentrando toda a força na ponta do dedo indicador pra rachar a bolinha de vela na barreira da falta. Eles não sabem a diversão que estão perdendo!